A coletânea apresenta pesquisas sobre as mulheres negras produzidas nos últimos anos, de origem acadêmica, é verdade, mas adequadas para apresentação a um público mais amplo. Quase sempre partindo de trajetórias individuais, microanalíticas, as mulheres negras tornam-se visíveis e inseridas em enfoques ou hipóteses mais gerais. Nascidas na África, denominadas de nagô, jeje, mina, angola, congo, benguela, etc.; nascidas no Brasil, indicadas como crioulas, mulatas, pardas, têm em comum terem vivido em uma sociedade também etnicamente diversificada, mas hierárquica e desigual. Algumas tiveram experiências atlânticas, muitas vezes contra sua vontade, inclusive passando por Portugal. Outras, nunca saíram da África. Mais algumas nasceram, viveram e morreram no Brasil. Traços de suas trajetórias transparecem e são interpretados através do olhar atento de pesquisadoras/es, com metodologias e leituras teóricas diversas, para alcançar suas experiências e suas identidades. Exercitar a alteridade pode ser uma das experiências de leitoras e leitores destes textos, ou pode servir para ampliar as cenas de pesquisadoras/es sobre as relações escravistas em realidades e espaços diversos, do século XVII ao final do XIX.
A EUROPA NO ANTIGO REGIME: UMA VISÃO PLURAL. DO RENASCIMENTO À REVOLUÇÃO FRANCESA
A Europa no Antigo Regime: uma visão plural. Do Renascimento à Revolução Francesa
“O Antigo Regime é a Idade Média em ruínas”, escreveu Alexis de Tocqueville no século XIX. Não há dúvida de que o medieval agonizava. Com a velha cristandade, rompida pelas Reformas. Com a aura divina dos reis, questionada pelo contratualismo. O Antigo Regime também vivenciou o apogeu da caça às bruxas e aos homossexuais; foi cenário de intolerância e exclusão. Sociedade de privilégios, não de direitos. Seu lema: “desiguais perante a lei”. Por isso, a maior das ruínas foi a do feudalismo e a da servidão dos povos. Ronaldo Vainfas analisa criticamente a produção do discurso histórico sobre o período moderno europeu. Discute os “grandes temas”, como os conceitos básicos e a periodização tradicional, e critica a ideia de ter sido considerada uma época de transição entre o feudalismo e o capitalismo, circunscrevendo e debatendo o sentido de “moderno”. O livro, um “manual universitário, mas sem a obsessão informativa característica dos velhos manuais”, nas palavras do autor, explora assuntos como Renascimento, Reformas, Inquisição, absolutismo e revoluções. Oferece ao leitor, seja especialista ou leigo, uma análise provocante de uma sociedade estamental, porque desigual e excludente. Em tempos de pouco estímulo ao debate de ideias e de apreço ao contraditório, temos em mãos uma contribuição instigante e corajosa para nos ajudar a pensar sobre o passado e o presente
Justiças e fracassos em xeque - método e pesquisa em conversas de historiadores
Como as historiadoras e os historiadores fazem suas pesquisas? De que forma as investigações particulares se articulam a grandes projetos coletivos? É possível lidar com a tradição e com novas perspectivas historiográficas? A leitora e o leitor encontrarão aqui depoimentos, impressões e posturas epistemológicas, tudo feito em tom de conversa, aspectos nem sempre verbalizados com clareza nos capítulos de livros e em artigos de revistas acadêmicas. As entrevistas revelam a expertise de cada historiadora e historiador em relação aos temas preferidos, bem como sobre seus procedimentos de pesquisa. Neste livro, encontram-se o trabalho com as fontes e os arquivos, a busca necessária de erudição, o apoio de governos à produção científica, questões de gênero, a história intelectual ou conceitual, a divulgação da pesquisa histórica, o método comparativo, projetos de cunho global em contraposição a historiografias nacionais, a relação entre pautas afirmativas e pesquisa histórica, a recepção de obras clássicas entre os modernos, a revisão de paradigmas de explicação, dentre outros. Tudo isso através de casos muito concretos de pesquisa e reflexão. De pouco valem as descobertas e as posturas acadêmicas, se não forem partilhadas com um público mais amplo, sem perderem o rigor teórico e metodológico que as caracteriza. Justiças e fracassos em xeque mostra o vigor desse grupo de pesquisa, capaz de se reinventar em momentos tão difíceis.
MÃO DE LUVA E AS NOVAS MINAS DE CANTAGALO
Mão de Luva e as Novas Minas de Cantagalo
O livro Mão de Luva e as Novas Minas de Cantagalo oferece uma visão profunda e reveladora sobre a figura histórica de Manoel Henriques, mais conhecido como Mão de Luva. Longe de ser apenas um fora da lei ou um nobre romântico inventado há tempos, Mão de Luva é apresentado como uma peça da engrenagem que fazia funcionar um importante esquema da economia colonial do século XVIII, porque envolvido nas práticas de descaminho do ouro. A obra, escrita por renomados historiadores, desconstrói mitos e explora o papel multifacetado de Mão de Luva na extração clandestina de ouro, revelando suas ligações com autoridades metropolitanas e eclesiásticas, inclusive com denúncia à Inquisição portuguesa, além de uma profunda inserção no universo indígena no sertão da capitania do Rio de Janeiro e fronteira à de Minas Gerais. Com narrativa baseada em fontes coevas, o livro também desvenda as rotas e as práticas para driblar o controle da metrópole por décadas, além de abordar o povoamento do que era então denominado de Sertões de Macacu, ampla região hoje dividida em vários municípios. Fruto de uma extensa pesquisa documental, a obra oferece aos leitores uma viagem fascinante pelo Brasil colonial e pela história de Cantagalo, alçando Mão de Luva a uma posição de destaque na historiografia. Recomendado para estudiosos, historiadores e amantes da história, Mão de Luva e as Novas Minas de Cantagalo vai além das lendas e reconstrói, com rigor acadêmico, a vida e as ações de um dos mais intrigantes personagens do Brasil colonial.